Síndrome Dolorosa Miofascial
O que é a Síndrome Dolorosa Miofascial?
A dor muscular acomete muitos indivíduos e pode aparecer por diversos fatores. Prática de esportes, atividades do dia a dia, tudo pode desencadear a dor muscular. Até mesmo dormir de mau jeito, pode atingir determinados músculos. A síndrome dolorosa miofascial aborda esse tema. É uma disfunção neuromuscular local, que se caracteriza por apresentar áreas sensíveis em bandas musculares tensas ou contraturadas, que geram dor em regiões afastadas ou circunvizinhas. É uma das causas mais comuns de dor musculoesquelética. Pode ser de um único músculo ou abranger diversos, levando a padrões distintos de dor. Ocorre em ambos os sexos e é mais observada em atletas e nas pessoas acima de 30 anos.
A síndrome acomete músculos, fáscias, ligamentos, tecidos pericapsulares, tendões e bursas. Também pode ser decorrente de processos degenerativos, metabólicos, inflamatórios, infecciosos, neoplásicos, macro ou micro traumatismos de inúmeras estruturas, principalmente nas regiões cervical, cintura escapular e lombar. Caracteriza-se pela ocorrência de dor muscular em regiões enduradas, onde estão presentes bandas de tensão palpáveis e pontos extremamente dolorosos, os pontos gatilhos.
O que são os pontos gatilhos da Síndrome Dolorosa Miofascial?
Os pontos gatilhos são locais bem delimitados, áreas pequenas e sensíveis no músculo, que se manifestam como um nódulo ou local de contração do músculo. Este, quando estimulado, causa dor em uma área distante (dor que corre para outro local). A dor ocorre em determinada região do corpo, geralmente mal localizada sobre as juntas ou músculos. O ponto gatilho é um local irritável, na estrutura mole, mais comumente no músculo, com baixa resistência e alta sensibilidade, quando comparado a outras áreas. Ao ser estimulado, ocorre a dor.
O ponto gatilho é ativo quando é um foco de hiperirritabilidade sintomática no músculo ou fáscia muscular, com dor espontânea ou durante o movimento, apresentando redução da amplitude de movimentos, redução da força, dor à palpação e bandas tensas. Em geral, o paciente não é consciente da existência dos pontos gatilho, pois a dor se manifesta em território distante do ponto. Esse território é denominado de zona de dor referida.
Quais são as causas da Síndrome Dolorosa Miofascial?
A síndrome geralmente ocorre pelo estresse excessivo sobre os músculos. Tende a aparecer e piorar com esforço físico. No entanto ela pode ocorrer durante o repouso se não for tratada precocemente. Movimentos repetitivos, postura inadequada, condicionamento físico inadequado, trauma, distensão muscular, estresse emocional e até roupas apertadas, poderão desencadear a síndrome dolorosa miofascial. Também está associada a doenças como diabetes, depressão, anemia, doenças da tiroide e doenças reumatológicas, neurológicas, dentre outras. Ela é uma das mais frequentes causas de dor nas costas e de dor no pescoço. É muito importante a identificação de vícios de postura e de movimentos durante o dia a dia, os quais são frequentemente a causa dessa síndrome.
Como é feito o diagnóstico da Dor Miofascial?
O diagnóstico é essencialmente clínico, sendo que muitas vezes não é necessário nenhum exame complementar (exame de sangue, radiografia, etc). Os sintomas da síndrome dolorosa miofascial são:
- Dor regional;
- Dor ou alteração sensorial na distribuição de dor referida;
- Banda muscular tensa palpável;
- Ponto dolorido na banda muscular;
- Restrição de alguns graus de amplitude de movimento.
- Queixa ao pressionar o ponto;
- Contração durante inserção de agulha ou palpação transversal do ponto na banda;
- Melhora da dor quando o músculo em questão é estirado.
Apresentando algum desses sintomas, o médico deverá ser consultado. A dor será investigada, colhendo informações do paciente sobre o histórico dos eventos precipitantes, duração da dor e atividades realizadas no dia a dia. O exame físico também é de grande importância, já que pela palpação da musculatura é possível identificar pontos sensíveis e endurecidos, os pontos gatilho.
Como é o tratamento dessa dor?
As Síndromes Dolorosas devem ser integralmente abordadas, através do emprego de variados recursos especializados, aplicados por uma equipe multidisciplinar. Dessa forma as terapias mais adequadas a cada situação clínica, serão indicadas ao paciente, tendo como consequência a obtenção de melhores resultados. A abordagem integrativa contribui para a redução ou substituição de medicamentos por outros métodos com iguais benefícios aos pacientes, trazendo vantagens como acupuntura que cada vez mais vem sendo evidenciada e destacada como um dos principais tratamentos, para diversas patologias.
O tratamento da síndrome miofascial visa eliminar ou minimizar a dor gerada pelo ponto gatilho, em associação com terapias como a acupuntura, exercícios de alongamento, uso de medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios, tratamento da etiologia quando possível e observação do paciente em seu ambiente social. O tratamento consiste na identificação da causa e sua correção. Uma prática muito usada é a injeção no ponto gatilho, que tem como objetivo eliminar os mesmos e, consequentemente, as bandas musculares tensas, reduzindo ou minimizando a dor, aumentando a amplitude de movimento, impossibilitando que estes nódulos se tornem fibróticos e resistentes ao tratamento ou fazendo com que as recidivas sejam frequentes.
Para o tratamento, a acupuntura é indicada não somente para a síndrome miofascial, mas também para diversas condições dolorosas. Sua eficácia no tratamento das dores musculoesqueléticas está cientificamente comprovada. Os resultados da acupuntura são comparáveis aos de outros métodos, apresentando vantagens significativas. Os efeitos neurobiológicos da acupuntura qualificam o método como útil e adequado no tratamento da dor. O Médico Acupunturista está apto a escolher a técnica mais adequada de estimulação dos pontos gatilho, assim obtendo os melhores resultados terapêuticos.
A ação terapêutica sobre os pontos gatilho, através do “agulhamento seco”, a eletroestimulação, injeção de anestésico local ou solução salina, provou que esses pontos são, em muitos casos, a chave para o controle da dor. Um dos métodos mais antigos de redução da dor é a analgesia através da desativação de pontos gatilho miofasciais pela acupuntura. A eficácia deste método está cientificamente comprovada para o tratamento da dor musculoesquelética crônica. Os pontos de acupuntura apresentam funções terapêuticas e sua utilização está indicada não somente para as dores musculoesqueléticas, mas também para promover a normalização funcional do organismo. O médico fisiatra é especialista nesse tipo de procedimento.
O processo de reabilitação geralmente é prolongado e dependente da educação e da responsabilidade do paciente e do desenvolvimento de parceria entre fisioterapeuta e paciente, baseada na confiança mútua. Em longo prazo, a conduta não reside apenas no tratamento dos pontos gatilho, mas na identificação e modificação dos fatores contribuintes, visto que estes estão relacionados aos aspectos do modo de vida dos pacientes. A síndrome dolorosa miofascial é de difícil determinação, pois os critérios de diagnóstico são clínicos e dependem da identificação dos pontos gatilho e das bandas de tensão, sendo necessário um treinamento do profissional para que esta síndrome seja reconhecida. Identificar o foco da dor, aliado a um tratamento eficiente pode ser decisivo na recuperação do paciente.
Médico formado pela Santa Casa de São Paulo, com Residência Médica em Medicina Física e Reabilitação (Fisiatria) pela Universidade de São Paulo. Doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no Departamento de Neurologia. Especialização em Acupuntura Médica pelo Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa (CEIMEC), e Área de Atuação em Dor pela Universidade de São Paulo. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA). Ex-Diretor do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP). Membro da Câmara Técnica de Acupuntura do CREMESP. Presidente do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED).
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