Estudo encontrou que fibromialgia é associada à diminuição da conectividade cerebral

Um novo estudo conduzido na Suécia constatou que a fibromialgia está ligada à atividade anômala em partes do cérebro que processam os sinais dolorosos e os conectam a outras regiões.

Dr. Pär Flodin e colaboradores, do Karolinska Institute, em Estocolmo, relataram seus achados no periódico Brain Connectivity.

A síndrome da fibromialgia é uma condição comum e crônica, de causa desconhecida, que atinge principalmente indivíduos de meia-idade, embora os sintomas com frequência possam se manifestar mais cedo. Aqueles que são afetados pela condição tipicamente apresentam fadiga com de longa duração em várias áreas do corpo, além de sensibilidade em tecidos moles, como músculos, articulações e tendões.

Não sabemos por quê, embora homens e crianças também possam ter a síndrome, a vasta maioria dos pacientes diagnosticados com fibromialgia são mulheres.

De acordo com o National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases, os cientistas estimam que a fibromialgia afete 5 milhões de americanos adultos.

 

Conectividade cerebral diminuída em pacientes com fibromialgia 

Em seu estudo, os pesquisadores do Karolinska compararam a atividade cerebral em mulheres com e sem fibromialgia. Nas pacientes com fibromialgia, eles observaram uma conectividade diminuída entre as áreas cerebrais que processam sinais de dor e sensoriomotores.

 

Os pesquisadores sugeriram que seus achados mostram que a conectividade cerebral diminuída pode contribuir para a regulação deficiente da dor em indivíduos com fibromialgia.

Os resultados se somam aos de estudos anteriores que associaram a atividade cerebral anormal à inibição precária da dor.

Para este estudo, 22 mulheres sadias e 16 mulheres com fibromialgia foram submetidas a varreduras cerebrais de imagem de ressonância magnética funcional (IRMf), apresentando diferentes níveis de dor induzida pela aplicação de pressão no polegar. No dia anterior ao das varreduras, as mulheres concluíram os testes para calibração da sensibilidade dolorosa. Um estimulador de pressão controlado por computador aplicava pressão no polegar esquerdo, enquanto os pesquisadores avaliavam a sensibilidade à dor de cada mulher. As intensidades de pressão derivadas destas avaliações foram então distribuídas em ordem aleatória, conforme as participantes do estudo eram submetidas às varreduras cerebrais.

As participantes tiveram que interromper suas medicações para dor e sedativos durante as 48 horas anteriores à avaliação da dor e também durante as 72 horas que antecederam as varreduras de IRMf. Ao todo, cada participante recebeu 15 estímulos com duração de 2,5 segundos cada, a intervalos de meio minuto.

 

A diminuição da conectividade cerebral poderia comprometer a percepção da dor 

Os resultados mostraram que as participantes com fibromialgia tinham sensibilidade significativamente aumentada à dor, em comparação ao grupo controle.

Quando as varreduras cerebrais foram analisadas, a equipe encontrou diferenças entre os padrões cerebrais das participantes sadias e daquelas com fibromialgia. As participantes com fibromialgia apresentaram “desconexão funcional” entre as áreas cerebrais que processam sinais de dor e as outras partes, incluindo as áreas controladoras da atividade sensoriomotora. 

Os autores sugerem que esta diminuição da conectividade cerebral poderia comprometer a percepção dolorosa.

O co-editor-chefe do periódico, Dr. Christopher Pawela, professor-assistente no Medical College of Wisconsin, nos EUA, descreve o estudo como um “primeiro passo importante” no sentido de compreender o modo como o cérebro afeta a percepção dolorosa de ampla distribuição, que é uma característica conhecida da fibromialgia.

 

Médico Especialista em Fisiatria e Dor | + posts

Médico formado pela Santa Casa de São Paulo, com Residência Médica em Medicina Física e Reabilitação (Fisiatria) pela Universidade de São Paulo. Doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no Departamento de Neurologia. Especialização em Acupuntura Médica pelo Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa (CEIMEC), e Área de Atuação em Dor pela Universidade de São Paulo. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA). Ex-Diretor do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP). Membro da Câmara Técnica de Acupuntura do CREMESP. Presidente do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED).


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